quinta-feira, 17 de março de 2011

Lições de vida e música - Mike Stern.

Quando pensamos em um guitarrista que gravou 13 álbuns-solo e teve quatro indicação ao Grammy (o oscar da música), imaginamos o quão feliz essa pessoa dever ser em sua vida.
Mike Stern é literalmente um cara que encarou o demônio de frente e sobreviveu para contar a história.

"Eu estava indo para casa à noite, após um ensaio em Boston, quando um cara chegou pra mim e disse: 'Me dê sua guitarra'", conta Stern. "Ele tinha a vantagem, porque estava com uma arma."
O demônio naquela noite, no entanto, não era o bandido com a arma na cara de Stern. era a substância no bolso do casaco do guitarrista. "Verdade seja dita", admite Stern, "eu estava muito viciado naquela época. A ironia é que eu provavelmente poderia ter dito a ele: 'Pegue isto em vez da guitarra'. Tenho certeza de que ele penhorou o instrumento por 25 dólares para comprar alguma droga".
Nos dias seguintes, Stern foi até algumas lojas de penhores locais ´para ver se encontrava a guitarra, mas ela nunca apareceu. Provavelmente, alguém esta tocando o instrumento nesse momento - uma linda Fender Telecaster híbrida dos anos 50 e 60 -, sem ter a mínima idéia de que seus donos anteriores foram Mike Stern, Danny Gatton e Roy Buchanan.
Stern espera que a mensagem dessa história seja clara: a música tem o poder de salvar vidas. Mesmo quando Stern estava sofrendo muito com o vício, o poder da música sobre ele foi forte o suficiente para impedir que ele caísse no abismo. Stern está limpo a quase 25 anos, e a guitarra é uma das principais responsáveis por isso. "Fo i- e ainda é - uma força incrívelmente positiva em minha vida", diz ele. "A música me carregou atravé de muita coisa negativa que fiz. Sem ela, não sei se estaríamos tendo essa conversa".
Para Stern, a primeira grande manifestação do "poder" da guitarra aconteceu quando ele era jovem e explorou a coleção de discos de sua mãe. "Sempre toquei de ouvido, e rock era fácil de decifrar", conta, "Depois, tentei tocar junto com um disco de Miles davis ou Herbei Hancock e me perdi em dois segundos. Eu adorava aquilo.
O grande avanço seguinte de Stern aconteceu anos depois, em sua primeira audição. "Pat Metheny tinha ouvido que o Blood, Sweat & Tears precisava de um guitarrista e me disse: 'Cara, você soa muito bem, deveria tentar'", lembra Stern. "Eu respondi: 'O que você quer dizer com isso? Eu não toco nada'. Mas ele insistiu: 'Não, você faz coisas muito boas'. Pat gostava do meu feeling. Mais tarde, Miles também gostou. Miles costumava me chamar de 'Fat time', e ele até colocou uma música chamada Fat Time no álbum THE MAN WITH THE HORN. Toquei um solo grande naquela canção".
"Enfim, fui áté a minha audição do Blood, Sweat & Tears e minhas mãos estavam tremendo o tempo todo. Eu tinha certeza de que eu não conseguiria a vaga, mas consegui. A lição dessa experiência é que, às vezes, você tem de dar a cara pra bater, arriscar-se um pouco e não achar que pode prever o resultado. Algumas coisas funcionam, outras não, e é difícil dizer por quê. Nenhum de nós é qualificado o bastante para criticar nosso próprio jeito de tocar".

Stern confessa que ainda fica nervoso antes de alguns shows. "Minhas mãos ainda tremem às vezes". Masa é bem provável que ele não fique nervoso nas apresentações que faz regularmente no 55 Bar, em Manhattan. O pequeno clube poderia ser sua sala de estar. Mesmo com frequentadores se espremendo e garçonetes carregando bandejas de coquetéis pelo "palco", Stern parece estar sempre pegando fogo. Mas até mesmo Stern tem noites fracas."Tenho mais noites fracas do que as pessoas se dão conta", diz ele. "Faço shows há tanto tempo que acho que descobri um jeito de soar como se soubesse o que eu estou fazendo, mesmo quando não sei.
Quando está fazendo um show ruim, você deve parar de focar em si mesmo. Nessas noites, procuro me concentrar no que um dos outros músicosestá fazendo, porque geralmente alguém na banda está tocando algo bem legal. Deixe-os te inspirar e, assim, eles podem te levar junto". "Nós nos entregamos de coração a essa arte, e a música com certeza pode partir seu coração. Não é como trabalhar nun barco.
Toda vez que você toca, está abrindo seu coração. você está lá, compartilhando sua alma - mesmo quandop está tentando ser cool [risos]. Às vezes, digo a alunos qua a única garantia que você tem é a música, e que ninguém pode tirar iso de você. Só você pode tirar ela de sí mesmo - não praticando e não se esforçando. Quanto mais você se dedicar à música, maior será a paixão por ela".



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