Os testes de Jaques Molina me inspiram profundamente. Primeiro porque o cara é um luthier de primeira, manja muito de guitarra, amp's e pedais, e segundo porque os testes dele fazem com que os leitores se sintam empunhando o instrumento quando leem seus artigos.
Em 2008 fui até a Teodoro em Sampa, acompanhar um brother que estava afim de comprar uma guita, e quando entrei na Playtec, ví algo que me deixou de boca aberta literalmente. Fazer um teste nessa maravilha era impossível, pois segundo o vendedor ela era recém chegada ao país, e já estava encomendado por algum guitar-maníaco cheio da "bunfa". Depois disso, ao assistir o DVD do mestre Steve Vai "Where the Wild Things Are" me deparei novamente com aquele "monstro de olhos verdes", e fiquei louco para escrever algo sobre o brinquedo mais exótico de Steve.
Foi quando me deparei com uma Guitar Player Collection que tenho, e que tive a agradável surpresa de "encontrar" um teste feito por Jaques nessa maravilha chamada "Ibanez JEM 20th Anniversary".
Steve Vai é um dos maiores guitarristas de todos os tempos. Ele se tornou um mito não apenas por seu incrível talento musical. Com certeza, para Vai, discípulo de Frank Zappa, o aspecto cênico sempre foi fundamental. Não basta tocar escalas impossíveis na velocidade da luz, é preciso ser a luz! E essa Ibanez capta esse espírito. É uma guitarra-show, feita sobre medida para um showman e virtuose do rock! Somente 500 unidades foram fabricadas pela Ibanez, e apenas seis desembarcaram no Brasil.
Iluminada, brilhante, ofuscante, enfim, qualquer um desses adjetivos pode ser utilizado de forma literal, pois esta guitarra realmente acende. Seu corpo é corpo é de acrílico especial transparente, mas com aplicação de pigmentação interna em várias cores e camadas, baseada nas JEM com pintura "swirl", mas gerando um efeito tridimencional. A mágica é que ela possui um circuito de LEDs internos, situados entre os pickups e as molas da alavanca, que acendem e fazem com que o corpo fique completamente iluminado, causando um efeito visual surreal e impressionante!
No mais, é a boa e velha Ibanez JEM, construída no Japão por um time especial de luthiers da empresa, e com o que há de mais atual em termos de hardware, como o trêmolo Ibanez Low Pro Edge e captadores DiMarzio desenvolvidos especialmente para ela. Seu braço é construído de acordo com os mais rigorosos padrões, com três peças de maple separadas por duas tiras de walnut, tipo de construção que torna o braço bastante estável e evita a necessidade da "colagem espanhola". A escala é de rosewood com a famosa marcação floral, de madrepérola e abalone, com 24 trastes finos e altos instalados e polidos de forma sublime. Como não podia deixar de ser, as quatro ultimas casas são escalopadas. Possui tarraxas Ibanez com botões feitos do mesmo material do corpo e com trava fixada por tráz do headstock, que conta com um ótimo reforço nessa área. Sua parte elétrica é simples, com controles de volume e tonalidade, chave de 5 posições e push-pull no potenciômetro de tonalidade que acende as luzes internas da guitarra, alimentadas por uma bateria 9 volts situada na cavidade do jack de saída blindado.
Jaques diz nunca ter ficado tão curioso para ligar uma guitarra em um teste da Guitar Palyer como desta vez. A pegado do braço em "W" é o máximo em sua categoria. A ação das cordas no braço e o desempenho da alavanca são equivalentes a um motor Honda de formula 1. Mas que timbre teria esse alien de luz esverdeada, constituído em grande parte por um material acrílico? Confesso que estava preparado para o pior, mais tive uma grata surpresa! Acredite ou não, ela tem um som muito semelhante a uma JEM de madeira. É claro que há certas particularidades, mas esse é o barato. Possui um pouco mais de agudos e menos graves do que as guitarras de madeira que nós, terrestres, utilizamos, mas seu sustain chega a ser até maior do que o normal, principalmente quando adicionamos doses maciças de drive, pois seu timbre é bem definido e deixa os sons com distorção afiados ao extremo. O excelente braço de madeira assegura grande parte de seu timbre e, como o único ponto de contato com o corpo são as lâminas da alavanca e as molas, o acrílico não interfere negativamente na sonoridade.
Conclusão
A Ibanez JEM 20ThAnniversary é uma guitarra de projeto genial e impecável, que faz jus a essa parceria de gigantes que completa 20 anos. Quem tiver poder aquisitivo necessário para comprá-la com certeza já possúi uma coleção de guitarras de altíssimo nível. Além disso, esse é um instrumento que não deve ser ultilizado de forma banal. Para começar, a guitarra é um pouco pesada, e seu efeito é alucinante, mais pode ficar enjoativo, sendo ideal para ser usada apenas em um momento especial do show.
Rendam-se, terráqueos!
Indicada para: extraterrestres virtuoses que tocam guitarra.
Prós: Visual estarrecedor, construção impecável, timbres de outro planeta.
Contras: Preço inacessível para terráqueos.
Fala Maverick, gostei muito do artigo! Me add no facebook. Tbm tenho um blog de guitarra. Abs
ResponderExcluirEu comprei uma esse mês ,perdida aqui no brasil
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