segunda-feira, 15 de agosto de 2011

Entrevista: Davi Piangers



É com um grande prazer que trago esta entrevista com este nome da Guitarra. Davi Piangers é conhecido por sua técnica apurada aliado à sensibilidade e muito presente nos bastidores de grandes produções Gospel e também como professor, Produtor musical e seu trabalho solo muito bem conhecido e divulgado na Internet. Conheça um pouco mais deste grande guitarrista de nosso cenário.

1 - Quem é o guitarrista e produtor Davi Piangers?

Um cara simples, com gostos, costumes e ambições simples. Trabalhador, marido, pai... Um cara que coleciona sucessos e fracassos, e que apesar de ainda não ter chegado aonde quer, pode se considerar realizado, por viver daquilo que mais gosta de fazer: música.

2 - Qual foi a sua formação musical e como foi o seu inicio no universo da guitarra?

Não tenho formação acadêmica. Comecei no Piano Clássico, por volta de 1988, e cursei 5 anos. Em 1990 comecei a tocar violão, e em 1991, guitarra. Estudei com apenas dois professores particulares, nos primeiros anos, e depois segui sozinho. Mas sempre estudei muito, e sempre toquei em bandas.

3 - Fale um pouco sobre os equipamentos usados em seu trabalho solo e como sideman.

Em meu trabalho instrumental, uso duas guitarras Cheruti, um Delay e um Overdrive da Boss, e a distorção do meu amp, o Peavey 5150, ou de algum outro amplificador que estiver usando.
Como sideman, não muda muito: apenas acrescento algum pedal de Chorus e um booster de volume, geralmente.



4 - Quais foram suas influências musicais e o que tem escutado atualmente?

Cresci ouvindo Van Halen, Mr. Big, U2, Queen, Pink Floyd, Joe Satriani, Yngwie Malmsteen, Steve Vai, Frank Solari, e música erudita – especialmente barroca – de compositores como Bach, Vivaldi, Albinoni, Beethoven, etc...
Hoje em dia, ainda escuto muito U2 e Queen, e bandas como Killswitch Engage, Rage, e Kreator. Ouço também muito Blues, como Stevie Ray Vaughan, Robben Ford, e Gary Moore.

5 - Como é a sua abordagem didática como professor?

Procuro oferecer uma formação musical sólida, com toda a carga teórica necessária, mas sem deixar o aluno perder de vista o principal: a arte, o prazer de tocar, e a diversão.
E procuro conduzir o aluno a saber aplicar tudo o que aprende. Busco resultado. De nada adianta ter um vasto conhecimento teórico se este não tiver aplicação prática.

6 - O que você recomenda aos guitarristas iniciantes para a formação de um estilo próprio e evitar cair em possíveis repetições?

Que não fique “tirando” músicas sempre de um mesmo guitarrista ou banda, mas que procure diversificar, para diluir as possibilidades de “clonagem” (risos). E que procure desenvolver sua própria personalidade, fora da música, na vida mesmo. Se eu tiver uma personalidade marcante, a minha música vai ter personalidade também.

7 - Fale um pouco sobre o seu trabalho com a banda Castelo Forte e a sua repercussão no cenário rock do sul.

Entrei na Castelo em 1997, e foi nesta banda que eu comecei a aparecer, viajar pelo Brasil, lançar discos, tocar em rádio, sair em jornais e revistas, TV, etc... A Castelo foi “a minha banda” até 2006, quando eu saí da minha terra e vim para o estado de São Paulo para trabalhar como sideman.
Hoje a banda está tentando voltar, com um ex-aluno meu no meu lugar.
Foram anos muito felizes, e sempre sentirei saudades.



8 - Seu trabalho instrumental é muito bem produzido com bastante feeling, virtuose preciso e muito bom gosto na escolha das melodias. Como foi o processo de criação e composição das idéias e dos temas?

Obrigado. A maior parte das melodias e arranjos eu crio longe da guitarra, quando estou dirigindo, tomando banho, ou fazendo alguma outra atividade da vida cotidiana. Depois pego o instrumento e vou lapidando, até virar algo que eu sinta que mereça ser gravado.
Surge tudo naturalmente, como um reflexo da minha personalidade, dos meus pensamentos e emoções. É quase involuntário.

9 - Quais foram as suas maiores dificuldades como músico?

As dificuldades habituais da profissão: instabilidade financeira, falta de mercado para a música instrumental ou o Rock, a falta de seriedade que existe neste ramo, e o preconceito da sociedade (sim, ele existe!).
Mas depois de tantos anos, a gente aprende a se virar...

10 - Como você avalia hoje o mercado da musica instrumental e qual é a possível tendência do estilo para o futuro?

O termo “mercado” remete ao comércio de produtos ou serviços. E a música instrumental no Brasil está muito perto de deixar de ser um mercado. Existem poucos artistas consagrados, que realmente comercializam seus produtos e serviços. E existe muita gente tentando, e não conseguindo – porque existe mais oferta do que procura.

11 - O que poderia ser melhorado na abordagem da guitarra na musica instrumental, comparando ao que vemos atualmente em produções musicais diversas do gênero?

A primeira coisa que precisa melhorar é o nível das produções. A “música de guitarra” ainda é algo feito em casa, muito amador. Já nos outros estilos musicais, o pessoal se preocupa mais em ter material melhor produzido.
A segunda coisa é os guitarristas mais jovens pararem de confundir música com exibicionismo – fenômeno que não vejo acontecer tanto em outros instrumentos.



12 - Qual é a melhor forma do guitarrista iniciante trabalhar com o marketing de seu produto? Este tema ainda soa pejorativo para alguns músicos?

Para os mais inocentes, isso soa “grego” (risos). Mas não deveria. Para quem vive de arte, é preciso tornar sua arte um produto passível de ser comercializado.
Hoje em dia, com a internet, o melhor caminho é divulgar através de site pessoal, redes sociais, perfis em sites de divulgação, como My Space, Palco MP3, Youtube, etc...
Mas é importante ter um material bem produzido, desde o áudio até as fotos e artes gráficas, vídeos, etc...

13 - Você já atuou ao lado de nomes de peso no cenário gospel como Ana Paula Valadão, David Quinlan, Adhemar de Campos entre outros. Existe alguma diferença em especial na atuação dentro deste cenário?

O lado ruim é que os cachês costumam ser menores, e as pessoas prestam mais atenção à conduta do músico. Ser avaliado o tempo todo torna o trabalho um pouco mais desgastante.
O lado bom é que se trabalha em ambientes de respeito – o que conta muito quando se é um pai de família, como eu - e se conhece muita gente boa. Se aprende muito.
Como sou cristão, foi natural eu disponibilizar meus serviços para artistas do meio gospel. Mas já trabalhei para alguns artistas de fora do meio gospel também. Na boa... é meu trabalho.

14 - Um grande abraço a vc e boas caminhadas na vida e na música!

Foi um prazer! Um grande abraço ao pessoal do blog Guitarra Arte e seus leitores, e a todos que acompanham meu trabalho e valorizam a minha música. Valeu!


(por Ricardo Esch)